Mural dos Boleiros

Foto: Arquivo pessoal

Nascido em Santa Maria do Suaçuí, no interior de Minas Gerais, Mathaus Coelho foi ainda criança para a capital mineira. Amante do futebol, entrou aos 14 anos para as categorias de base do América, onde ficou ate os 17. “Lá fiz amigos, conquistei alguns títulos e pensei que realizaria meu sonho. Só que um dia entenderam que não estava jogando bem o suficiente e me dispensaram. Fiquei triste no começo, recebi propostas para ir para times do interior, mas entendi que o momento era para mudar o rumo e comecei logo a faculdade de Educação Física”. 

Foto: Arquivo pessoal

Fora do clube, o garoto que tinha como hobby assistir pela internet vídeos onde via craques como Cristiano Ronaldo, Ronaldinho e Robinho fazendo algumas manobras com a bola, decidiu que era hora de tentar algo parecido. “Acabei descobrindo que não eram só aquelas ‘gracinhas’, mas que se tratava de um esporte totalmente diferente, com movimentos bem mais difíceis. Pesquisei então quem eram os melhores no Freestyle, via as técnicas e praticava no quintal de casa. E não é que a coisa realmente deu certo”. 

A primeira oportunidade veio em 2010. Em um evento da Coca-Cola, na praça da estação, Mathaus venceu a vergonha e recebeu os primeiros aplausos de sua nova carreira. “O cachê foi a réplica de uma bola da Copa do mundo e algumas latas de refrigerante. Achei bacana, e desde então me dediquei ainda mais aos treinos, que aconteciam literalmente na rua, em meio a carros, vento, chuva, pessoas passando e parando pra matar a curiosidade”. 

Minas, Brasil, Mundo... 

Foto: Arquivo pessoal

Aos poucos o menino do interior mineiro foi vendo suas apresentações aumentarem, e várias cidades brasileiras conheceram as manobras que fazia com a bola e tanto chamavam a atenção dos moradores. Em 2014, Mathaus recebeu o convite do atleta Diego Freestyle para se apresentar a bordo de um Cruzeiro, onde esteve por 5 meses e conheceu países como Suécia, Finlândia e Estônia. “Já saí do Brasil com o contrato assinado e vivia no navio, comida boa, boa acomodação estrutura de primeira. Éramos seis atletas e mais alguns pares de dançarinos, e as apresentações eram feitas num belo palco dentro do navio, em três shows por dia”, recorda. 

Atualmente morando em Auckland, na Nova Zelândia, para onde se mudou há 10 meses, Mathaus lembra que em seus primeiros dias na região colocava sua caixinha de som nas ruas e fazia shows em troca de dinheiro. “O apoio aqui é fantástico, todos sempre me elogiam e me incentivam, e aos poucos as empresas estão me conhecendo e apostando mais em mim. Por enquanto estou só me apresentando, mas a partir do ano que vem já estrei apto pra representar a Nova Zelândia nas próximas competições”. 

Foto: Arquivo pessoal

Prestigiado na região, participou da apresentação no Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 da FIFA de 2015. Recentemente, foi a estrela da inauguração do maior shopping de Auckland. “Apesar de ser um esporte no qual poucas pessoas tiveram a oportunidade de assistir ao vivo, acredito que ainda tem muito a crescer”. lembra o mineiro que, aos 21 anos divide seu tempo entre apresentações, o trabalho na construção civil, e a divulgação junto às empresas locais. “Hoje estou feliz aqui, em um País novo, com uma cultura diferente da minha, mas tenho trabalhado bastante, e quero continuar praticando até quando eu aguentar”.

Veja abaixo um vídeo com algumas apresentações de Mathaus:


Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada como fonte o Blog Mural dos Boleiros.

Que o futebol une povos e classes sociais diferentes ninguém tem duvidas. Mas o mesmo esporte, que serve para integrar todo tipo de pessoa também reserva histórias interessantes, inusitadas, que valem a pena ser contadas. E é ai que entra nosso personagem, o jovem Cleyton Vieira, que tem em suas veias um sangue guerreiro e promete conquistar seu espaço no futebol mineiro, sem medo de enfrentar os novos desafios. 

“Eu tenho esse sangue misturado e forte. Minha mãe veio de Juazeiro, sertão da Bahia, e meu pai é índio Pataxó. Nasci lá na tribo, no mato mesmo. E tem mais mistura ainda. O avô da minha mãe era nordestino, do cangaço. Então corre na minha veia um sangue de índio e de cangaceiro”, começa se apresentando o jovem garoto de 16 anos, que há pouco tempo mora na capital mineira. 

“A gente não tinha uma casa. E com a força da minha mãe ela se formou, fez faculdade, mestrado e nossa vida foi melhorando. Me orgulho e me inspiro no sucesso deles”, conta Cleyton, que viveu com seus avós até os 9 anos de idade, enquanto seus pais trabalhavam e sua mãe estudava. “Sempre acreditei num sonho, correr atrás de uma bola, e que sairia de onde eu nasci pra jogar e fazer o que eu gosto. Estou me esforçando e lutando para não deixar o sonho morrer”. 

Treinando desde o inicio de 2016 no Centro Brasil de Futebol, que trabalha com categorias de base na Capital Mineira, o ‘volante indígena’ já se imagina jogando em grandes clubes, mas entende que pra isso precisa lutar por seu espaço e mostrar a que veio. “Com 14 anos minha mãe me mandou pra fazer testes no Guarani lá de Itabatan, onde fui evoluindo e bem avaliado pelos treinadores. Passei também pelo Guarani/SP, mas não voltei. Creio que aqui terei chances, onde me deram oportunidade de jogar”. 

Para o treinador do clube, Adailton Nunes, o garoto, que é bem relacionado com o restante do grupo, tem muito a evoluir e pode ser uma grata surpresa no futuro. “Esperamos que todo essa referência Guerreira do Cleyton o leve a grandes conquistas no mundo da bola. É um bom talento, que estamos lapidando e pode ainda ser muito conhecido nesse País”. 

Confiante, o garoto ainda brinca e se orgulha de ter “nascido no mato”, e considera que esse é seu ano, onde parte dos sonhos já começa a se realizar. “Aprendi que os desafios devem ser encarados e superados. Tudo na vida começa de baixo, e minha vida começou assim, e tenho fé em Deus que eu vou conseguir”, lembra o otimista indígena.

Filho de mãe inglesa e pai nigeriano, o jogador Bamidele Jermaine Alli, nasceu em Milton Keynes, na Inglaterra. Abandonado pelo seu pai ainda quando criança e criado pela mãe alcoólatra, sua infância foi um tanto complicada.

O pai do jogador, o empresário Kenny Alli, se mudou para os Estados Unidos depois de dois anos com Dele. Sua mãe Denise, sofria com alcoolismo e foi muitas vezes internada em clínicas de reabilitação, tendo sido muito visitada pelo serviço social.

Depois da separação dos pais, Dele se mudou para a América para estudar e morar com o pai. "O único jeito dele ir pra escola era se eu o deixasse jogar bola depois", disse Kenny ao "Daily Star". Ele ainda percebeu que para seu filho crescer no esporte, teria que sair dos Estados Unidos e ir para a Inglaterra.

De volta à Europa, aos 11 anos Dele passou a jogar na categoria de base o MK Dons. Aos 13, se mudou para a casa de Alan e Sally Hickford, pais de Harry, grande amigo e parceiro de equipe. Embora nunca tenha sido legalmente adotado pelo casal inglês, Dele ainda se refere a Alan e Sally como seus pais adotivos.

Futebol inglês

Defendendo o MK Dons desde 2007, o meia-atacante foi contratado pelo Tottenham em 2015 por R$ 19,8 milhões. No entanto, o jogador é avaliado em quase dez vezes mais que este valor. Segundo o jornal local "Mirror", o Real Madrid quer pagar R$ 198 milhões por Dele Alli.

Além de ser uma sensação na Premier League, Dele defende a seleção inglesa também com a camisa 20. Torcedor do Liverpool, Steven Gerrard é o seu grande ídolo.

Em 2016, o jogador decidiu retirar seu sobrenome Alli de suas camisas de jogo, tanto do Tottenham, quanto da seleção. Agora, o meia utiliza somente "Dele".

"Eu queria que o nome da minha camisa representasse quem eu sou e eu sinto que não tenho conexão com o sobrenome Alli. Essa não é uma decisão que tive sem pensar muito e discutir com minha família e as pessoas próximas a mim", disse.

Realeza

O pai do jogador contou ao jornal "Daily Star" que seu filho é um príncipe da tribo Yorubá, o segundo maior grupo étnico-linguístico da Nigéria. A tribo representa mais de 20% da população total do país.

Segundo Kenny Alli, se o filho voltasse para a Nigéria, seria recebido como presidente devido ao seu título de realeza. "Se Dale voltasse agora seria uma loucura. Todo mundo assiste ele jogar e está orgulhoso dele", afirmou o pai.

O ex-jogador John Fashanu, que também faz parte da tribo Yoruba, tentou convencer Dele a jogar pela seleção da Nigéria, mas o jogador escolheu defender a Inglaterra. "Se ele voltasse a morar lá, isso o daria muito respeito e talvez um dia ele pudesse ser o rei da tribo Yoruba", disse Fashanu.

Fonte: Esporte - iG